Ervas

Em uma religião como a Umbanda, onde a natureza compõe sua base, entender as forças que provém dela torna-se quase que obrigatoriedade nos campos de conhecimento dos médiuns, já que seus elementos são utilizados em muitos trabalhos, por muitas entidades.

É preciso que saibamos que erva também é magia, tem fundamento, propriedades e mistérios guardados por àqueles que fazem parte da nossa realidade. Se todas elas forem bem estudadas, podem se tornar grandes aliadas na nossa jornada, pois em seu conjunto, tem valor energético, espiritual, vibracional e até mesmo medicinal.

"As ervas tem alma, personalidade e sentimentos tão envolventes como qualquer ser vivente a natureza, inclusive o homem. Essa energia é a força que buscamos evocar, entretanto, não há magia sem ativação. Ao colher a erva, devemos mentalmente pedir licença ao vegetal que será colhido, ao espírito vegetal que o anima, dizer-lhe que esta sendo colhida e será útil a um ser vivente, parte da criação divina. Esse espírito irá responder com toda sua força e concentrará na parte colhida as essências necessárias para a cura. 

[...] Fato é que a ação da erva comprovadamente aumenta se for ativada com uma reza. Há um poder, uma força vital, uma energia contida em todas as ervas e essa energia responde a quem se dirige a ela." (Adriano Camargo)

Isso é mágico, é magia, e sem erva não temos axé!

Entretanto, apesar de as vezes serem muito parecidas, as ervas diferenciam-se no plano físico, energético e elemental, por exemplo: as ervas secas passaram por processos transformadores e por isso sua energia é bem mais concentrada, enquanto as ervas frescas estão repletas de água, elemento essencial de magia, o que permite que elas atuem somente onde são necessárias.

CLASSIFICANDO AS ERVAS:

O estudioso Adriano Camargo, conhecido como Erveiro da Jurema, criou três categorias fundamentais para a compreensão das ervas, as quais achei muito interessante:

Quentes ou Agressivas: limpam em profundidade, anulando acúmulos energéticos negativos. Deve-se atenção quanto à aplicação de banhos na cabeça, pois onde encostam, esgotam toda e qualquer energia, inclusive a vital, de quem as usa. Temos como exemplo: aroeira, arruda, espada de iansã, espada de ogum, guiné, mamona, peregun roxo, pimenta e quebra demanda.

Mornas ou Equilibradoras: compõe um conjunto de banhos e defumações, sem prejuízo das energias essenciais. Atuam como repositoras de energia, vitalidade e força. Temos como exemplo: alecrim, alfavaca, alfazema, anis-estrelado, benjoim, boldo, capim cidreira, erva doce, hortelã, levante, louro, manjericão, melissa, peregun verde-amarelo e rosa branca.

Frias ou Específicas: possuem ação local, totalmente específica.

ATENTE-SE: para todo e qualquer uso das ervas, devemos manter o cuidado com alergias e sensibilidade da pessoa que irá fazer seu uso.

DAS ERVAS AO BANHO:

Os banhos podem ser preparados de duas formas:

Macerado: amassar as ervas, depois de lavadas, com as mãos, junto com água e deixar descansar por algumas horas.

Fervido: deixar a água ferver. Após atingir a fervura, desligar, colocar as ervas e abafar, até amornar. 

ATENTE-SE: em ambos os casos pode-se coar o banho, pois as propriedades das ervas já se encontram na água, e tomá-lo após o banho normal. Se necessário, acrescentar água quente do próprio chuveiro.

Uma dica que recebi logo que cheguei aqui e agora repasso para vocês, é que comecem o preparo do banho acendendo uma vela. Deposite nela toda sua fé, peça para que as forças que regem essas ervas sejam transpassadas a você no momento de seu uso, para que o objetivo final seja alcançado. Colha e lave cada uma delas com muito amor e cuidado, e enquanto manipula-as, continue mentalizando, canalizando toda energia ali contida, trazendo esse axé para perto de si. Cante alguns pontos se possível, é de muita ajuda!

Rituais com Ervas
Banhos, Defumações e Benzimentos
Adriano Camargo
ANOTA AÍ - DICA DE LEITURA:

Se você quer saber mais sobre esse assunto, recomendo a leitura do livro "Rituais com Ervas - Banhos, Defumações e Benzimentos" escrito pelo Erveiro da Jurema: Adriano Camargo. Nessa obra, o autor permite a nós, leitores, conhecer mais sobre cada uma das principais ervas utilizadas nos rituais umbandistas e o entendimento de suas propriedades.

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